Brincar pode parecer algo trivial, mas, além de ser fonte de entretenimento, é fundamental para o desenvolvimento pleno da criança. É brincando que meninos e meninas começam a expressar a personalidade e as emoções. Ao estimular a brincadeira – e participando dela –, os adultos também se beneficiam.

Quando os pais brincam com os filhos, ajudam no desenvolvimento deles como pessoas, além de estreitar as relações em família. É nesse momento que a criança vê que pode confiar nesse adulto", afirma Maria Angela Barbato Carneiro, pedagoga e coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. 

A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR

Para as crianças, os benefícios de brincar vão muito além de exercitar a criatividade e a fantasia. Trata-se de uma atividade importante para a construção da estrutura emocional e familiar que ela levará para a vida adulta, o que pode contribuir para uma maturidade emocional mais consistente.

"Brincar é a expressão da criança no mundo. Brincando, e só brincando, ela desenvolve as dimensões afetivas, sociais, cognitivas e físico-motoras plenamente", diz Paula Saretta, doutora em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e sócia do espaço Mamusca, em São Paulo.

ADULTOS QUE BRINCAM

Maria Angela fala que, mesmo dentro de casa, com um toque de imaginação, há formas simples de estimular a criança a brincar. "Você pode propor um esconde-esconde, contar histórias, montar cabanas e até fazer 'apostas' com tarefas do cotidiano: quem encontra um item primeiro, quem arruma a cama primeiro...", sugere ela. 

Apesar de ser uma atividade espontânea, ter o incentivo dos pais para brincar é essencial para a criança. "Toda criança brinca por natureza, mas é importante que o adulto dê condições para que isso aconteça de maneira saudável", comenta Paula Saretta.

A mediação dos pais – ou de qualquer outro adulto –, no entanto, tem de ter limites. "Deve-se intervir o mínimo possível e deixar que a criança construa os próprios pensamentos, expresse desejos e vá reconhecendo e desenvolvendo competências enquanto brinca. É na presença de adultos atentos e encorajadores que o brincar acontece de maneira mais fluida e natural", afirma Paula.

O hábito de brincar, aliás, pode ser conservado por muitos anos, já que se divertir é essencial para a saúde física e mental de todas as pessoas. "O ser humano brinca a vida toda, desde bebês até envelhecer ", fala a doutora em educação.

A TECNOLOGIA NA INFÂNCIA

A tecnologia faz parte do dia a dia da família, mas, quando se trata do uso dela como fonte de entretenimento para crianças, tenha cautela. Antes de mais nada, é preciso saber que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda que crianças até 2 anos tenham contato com as chamadas telas (videogame, smartphone, tablet e TV).

Muitas vezes, os pais apelam para a tecnologia por desconhecerem outros recursos.

Crianças gostam de coisas simples, principalmente se puderem estar ao ar livre", diz Paula Saretta.

Pode apostar que potes de plástico da cozinha são capazes de fazer milagres, prendendo a atenção de seu filho.

A CRIANÇA E A AGENDA CHEIA

Reservar um tempo para a criança brincar livremente é dever dos adultos responsáveis por ela. Alguns pais se preocupam tanto com o futuro que preenchem os dias dos filhos com atividades extracurriculares. Mas deixar de brincar pode prejudicar meninos e meninas. 

Muitas das crianças com agendas cheias acabam sendo mais agressivas, autoritárias e até mesmo inseguras para resolver certas coisas sozinhas. Na brincadeira, ela perde e ganha, aprende com os erros, repete a brincadeira e assim se prepara para a vida", afirma Maria Angela. 

Segundo Paula Saretta, vivemos um tempo no qual o contato físico e o brincar não são valorizados pelos adultos como deveriam. "Isso representa um desconhecimento do desenvolvimento infantil e uma queima de etapas. Tudo tem seu momento, e as crianças nos mostram isso o tempo todo. Mas, para ouvi-las verdadeiramente, precisamos de sensibilidade e atenção às suas necessidades emocionais."

Se a correria da rotina é o que tem impedido você de brincar com seu filho, saiba que qualquer tempo dedicado às crianças faz diferença – mesmo que sejam apenas 15 minutos. "Esse é o momento de estabelecer vínculos", finaliza Maria Angela.

 

TEXTO: NATURA BRASIL

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